Nos muros do Colégio Estadual Marquês de Maricá, no bairro de Pau Miúdo, em Salvador, a arte do grafite expressa mensagens de empoderamento juvenil, pedidos de paz e amor, além de revelar preocupações com o tempo e com o racismo. Tudo escolhido, proposto e realizado pelos alunos da escola por meio do projeto ‘#Grafitaê: Escola conta e pinta a sua história’, da Secretaria da Educação do Estado.
O objetivo da iniciativa é levar a liberdade de expressão e a criatividade para as unidades de ensino, promovendo a interação entre os alunos. Mas o projeto tem ido além. Estudantes, professores e gestores revelam que a relação dos jovens com o ambiente escolar tem melhorado com o avanço do projeto de arte-educação.
Nesta sexta-feira (31), o Colégio Marquês de Maricá se despediu do projeto, que vai passar por 270 escolas estaduais até o fim de novembro. Para comemorar o sucesso do Grafitaê na unidade, os alunos apresentaram espetáculos de dança e de teatro. Segundo a professora de artes, Rita Leone, o grafite virou uma espécie de organização daquilo que passa na cabeça dos alunos. “Eles foram traduzindo angústias, expectativas, desejos, coloriram as dúvidas e transformaram tudo em arte. Isso é muito positivo para que esses jovens se sintam acolhidos em suas dúvidas”, explica a professora.
Para a diretora da instituição, Ângela Araújo, a iniciativa muda a relação do jovem com a escola e além dos muros. “O projeto, as oficinas e todas as atividades pedagógicas envolvidas melhoram muito a convivência, o processo de interação dos alunos com a escola, dos alunos com os professores e com toda a comunidade. Estimulam o protagonismo juvenil e melhoram muito as relações interpessoais dentro da unidade escolar. Quando o aluno tem um identidade e cria uma afinidade com a escola, ele consegue ter a sensação de pertencimento. Isso faz muita diferença no desempenho, no desejo de estar na escola e no processo de preservação do patrimônio. É algo que ficou muito evidente na caminhada desses meninos”, conta a diretora.
Processo criativo
Segundo o arte-educador e artista visual Denissena, o processo criativo aconteceu de forma muito natural com os estudantes do Colégio Marquês de Maricá. “A ideia sempre sempre foi estimular esses jovens que, desde o primeiro momento, apresentaram muito interesse em produzir. Esse processo foi bem orgânico. Cada um traz uma ideia, um sentimento e temas como diversidade cultural, empoderamento juvenil, respeito pelas diferenças e combate à intolerância religiosa. A arte tem essa contribuição de fazer as pessoas questionarem, e nada melhor do que trazer isso para dentro das escolas”, afirma o artista.
Para a aluna do 1º ano, Carolaine Nascimento, a arte é, sobretudo, uma forma de expressão. “Para mim foi uma experiência incrível porque escola não é só estar dentro das salas de aula, aprendendo as matérias básicas. A gente aprende aqui o que a gente vai usar para a vida. Eu gostei muito porque pude me expressar. O desenho que eu propus fala sobre isso: ser quem você quer, sem precisar de rótulos. A arte é uma forma diferente de falar”, destaca a estudante.
Fonte: ASCOM / SEC