Tendo como ponto de partida um grande mural sobre o tema transporte urbano de Salvador, que está sendo pintado próximo à Estação Pirajá, o projeto Mais Grafitaê quer levar mais cor e vida às áreas públicas da cidade, onde predominam as estruturas em concreto cinza. O projeto criado pelo Governo do Estado conta com a participação da população jovem de áreas contempladas pelo programa de promoção da paz social Pacto pela Vida, especialmente os alunos da rede estadual de ensino, dado o caráter transformador da arte.
A proposta é que o mural do artista plástico Rildo Foge sirva como fonte de inspiração para os jovens que vão participar de uma série de 14 oficinas de grafite, promovidas pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), que investe em alternativas para fazer enfrentamento à violência, utilizando diferentes linguagens artísticas, entre elas o grafite.
As oficinas serão iniciadas no próximo dia 14, com os estudantes do Colégio Estadual Carlos Alberto Cerqueira, situado no bairro de São Caetano. Grafiteiros baianos vão participar diretamente das oficinas. Nesta primeira atividade, as aulas serão ministradas pelos artistas Bigod e Diogo Galvão. Além de integrar as atividades em suas escolas e comunidades, os jovens farão uma visita para conhecer o mural de Pirajá e capturar de perto a força e o impacto da arte de rua.
As próximas oficinas estão marcadas para acontecer nos seguintes locais: Colégio Estadual Cesari (28/07), em Conjunto Pirajá; Escola Estadual Prof. Germano Machado Neto (11/08), em Marechal Rondon; Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos (25/08), no Bairro da Paz; Colégio Estadual Polivalente de Amaralina (15/09); Colégio Estadual Kleber Pacheco (29/09), em Pernambués; Colégio Estadual Helena Magalhães (13/10), Tancredo Neves; Colégio Estadual Plataforma (27/10); Colégio Estadual Dr. Ailton Pinto de Andrade (10/11), em Lobato; e Praça da Juventude, em Fazenda Grande. Os outros locais e datas ainda estão sendo definidos.
Segundo o titular da SJDHDS, Carlos Martins, o projeto tem o objetivo central de estimular a expressão artística dos jovens e também sensibilizá-los para o cuidado com a escola, que é um equipamento importantíssimo para a comunidade. “A arte do grafite é uma alternativa de geração de renda em uma cidade com altos índices de desemprego, mas também é um elemento de integração, que utilizaremos para abordar temas como protagonismo, identidade cultural, cidadania e demais assuntos que podem contribuir para o enfrentamento à violência urbana”, destaca.
Ainda dentro da proposta do Grafitaê, a SJDHDS está identificando áreas na cidade onde grafiteiros possam desenvolver novos trabalhos, a partir de parcerias entre o governo e a iniciativa privada.
Troca de experiências
Envolvido na execução do mural de quase 470 metros quadrados, ao lado dos ajudantes Luciano Maciel, mais conhecido como Pipoca, e Sânio Moreira, Rildo acredita que o trabalho deve ser concluído até o fim deste mês, se as chuvas não atrapalharem o andamento. Para além de sua obra, a própria vida do artista já seria uma inspiração para os jovens.
Rildo descobriu o grafite quando saiu de Ilhéus, no sul do estado, aos 17 anos, para trabalhar com o pai, como ajudante de pedreiro em São Paulo. “Desenho desde pequeno. Quando cheguei em São Paulo, fiquei encantado com aquelas paredes todas coloridas, mas não tinha ideia de como eram feitas”. Vendo o interesse do filho pela arte, ao voltar a Ilhéus, o pai o matriculou em curso de desenho, onde Rildo aprendeu técnicas que usa em seu trabalho.
A aposta rendeu frutos. De lá para cá, o trabalho do artista plástico de 37 anos tem crescido e ganhado visibilidade. Hoje, seus trabalhos podem ser apreciados em diferentes cidades da Bahia, como Salvador, Ilhéus e Eunápolis (extremo sul), e ainda fora do estado, a exemplo de Recife e de São Paulo.
Sobre a nova empreitada, Rildo diz que se sente privilegiado em fazer parte de um projeto voltado a aproximar os jovens da arte. Ele costuma realizar oficinas para crianças e adolescentes e comenta que sempre há troca de experiências. “Nós passamos muitas informações para eles, mas a garotada também sempre tem algo para nos passar. É uma boa troca de experiências. Espero que eles tenham a oportunidade de visitar o mural e que a obra acabe despertando algo dentro deles”, comenta, lembrando que esse foi o começo de sua trajetória.
Fonte: ASCOM / SEC